Tivio Capital - Brasil e o Herói de Mil Faces | Biocombustíveis | Edição #2

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Deep Dive

Brasil e o Herói de Mil Faces | Biocombustíveis | Edição #2

23/10/2024
Por: Gestão Tivio Capital

Brasil e o Herói de Mil Faces

O Brasil e a jornada do herói no setor de Biocombustíveis

“O Herói de Mil Faces” (The Hero with a Thousand Faces), escrito por Joseph Campbell e publicado em 1949, é uma obra seminal que explora o conceito de monomito ou a jornada do herói. Campbell argumenta que, em mitologias e histórias de diversas culturas ao longo da história humana, há um padrão narrativo comum que guia a jornada de protagonistas heroicos. Esse padrão, que ele chamou de “jornada do herói”, pode ser encontrado em narrativas mitológicas, religiosas e ficcionais ao redor do mundo.

A estrutura da jornada do herói proposta por Campbell é composta por etapas recorrentes, que, embora não apareçam sempre de forma rígida em todas as histórias, refletem uma série de provações e transformações que o protagonista enfrenta. Essa jornada é dividida em três grandes atos: partida, iniciação e retorno.

Em resumo, o herói é geralmente chamado à aventura, a abandonar o mundo comum e embarcar em uma jornada que lhe trará desafios e transformação. Apesar de, inicialmente, poder resistir ao chamado devido ao medo ou relutância, o herói encontra uma força que o ajuda a seguir em frente, enfrentando desafios e provas num mundo desconhecido, cruzando um ponto sem retorno no caminho de encontro de seu propósito natural.

Campbell afirma em sua obra que esses heróis geralmente passam por pontos baixos e por uma grande provação, mas que quando superada gera uma recompensa na forma de sabedoria ou benefício que depois é compartilhada com a sociedade/comunidade quando o herói retorna ao mundo comum.

Qual a relação desse livro com a segunda edição da nossa série Deep Dive focada no setor de biocombustíveis? O conceito de “jornada de herói” é um ótimo paralelo com o papel do Brasil no setor de biocombustíveis, dado que o país teve uma trajetória
desafiadora no desenvolvimento dos seus principais biocombustíveis como etanol e biodiesel, mas que fez com que o país assumisse um papel crucial e pioneiro na produção dos mesmos.

Apesar de acreditarmos que o Brasil ainda está percorrendo a “jornada do herói” e existem desafios e provações no caminho de se tornar referência na transição energética global e no desenvolvimento de novos biocombustíveis, nesta 2ª edição abordamos os motivos pelos quais o Brasil está muito bem posicionado no setor, e entramos em mais detalhes nos biocombustíveis como etanol, biodiesel e diesel verde (HVO). Na 3ª e última edição, abordaremos o potencial de biogás, bio-metano e querosene sustentável da aviação (SAF).

Brasil, a referência global e os biocombustíveis do presente

Um dos líderes globais em biocombustíveis e o potencial do etanol e biodiesel

Nessa segunda edição da série de relatórios Deep Dive dedicados ao setor de biocombustíveis, nós abordamos os motivos pelos quais o Brasil está muito bem posicionado nesse setor e o potencial dos principais biocombustíveis em produção no país, como etanol e biodiesel. Apesar dos biocombustíveis serem considerados “Combustíveis do Futuro”, o Brasil já produz e consome em escala biocombustíveis como etanol e biodiesel, em grande parte favorecidos pelos programas desenvolvidos nacionalmente nas últimas décadas.

Brasil: a referência global em biocombustíveis. O Brasil está excepcionalmente bem posicionado no mercado global de biocombustíveis, graças à abundância de matérias-primas, uma indústria bem desenvolvida e apoiada desde a década de 1970,
políticas governamentais em evolução e uma demanda crescente impulsionada pela agenda verde global. Reconhecido como o “celeiro do mundo”, o Brasil é um dos maiores produtores e exportadores de matérias-primas para biocombustíveis e o
segundo maior produtor de biocombustíveis do mundo. A oportunidade do setor no Brasil é ainda maior quando se considera que o transporte é o terceiro maior contribuinte para as emissões de gases de efeito estufa no país. Para atingir a meta
de emissões líquidas zero até 2050, será necessário um investimento de USD 720-860 bilhões em transportes no Brasil, representando 39% do total. Além disso, apenas 21% do consumo de energia no transporte no Brasil provém de fontes renováveis, destacando o grande potencial de demanda doméstica.

Etanol: o rei dos biocombustíveis. O Brasil é atualmente o segundo maior produtor de etanol no mundo, possuindo uma participação de mercado em torno de 27% globalmente. Apesar da sua presença consolidada, impulsionada pelo Programa
Proálcool em 1974 para contornar a primeira crise global do petróleo, ainda há grande potencial de crescimento, mesmo desconsiderando o desenvolvimento do etanol de segunda geração (E2G). De acordo com a Empresa de Pesquisa Energética
(EPE), a demanda por etanol deve atingir 45 bilhões de litros em 2032, um crescimento anual composto de 4.2% vs. 2022. Essa demanda em parte será atendida também pelo etanol de milho, que já representa em torno de 14% da produção de etanol dado o ganho de relevância e produtividade na entressafra da soja no Mato Grosso (MT). Para que essa demanda seja atendida, o EPE estima que serão necessários investimentos (CAPEX + OPEX) em torno de R$ 809 bilhões.

Biodiesel: o Ás de espadas do setor. O biodiesel é outro biocombustível pioneiro no Brasil, com o país também ocupando posição relevante no mercado global. Impulsionado pelo Programa Nacional de Produção de Biodiesel (PNPB) lançado em
2005, o Brasil atualmente é o terceiro maior produtor global de biodiesel, possuindo participação de mercado em torno de 12%. Assim como o etanol, a demanda por biodiesel tem grande potencial de crescimento considerando os mandatos de mistura do biodiesel dentro do diesel fóssil. De acordo com o EPE, a demanda de biodiesel deve chegar em 12 bilhões de litros em 2032 considerando o cenário B15, dobrando comparado com os níveis de 2022. Para atender tal demanda, são estimados investimentos em torno de R$ 100 bilhões do lado produtivo. Por fim, o Diesel Verde (ou HVO) ainda é incipiente no Brasil devido ao seu maior custo de refino e não está incluído nas projeções do EPE. No entanto, pode ganhar relevância no
futuro devido a sua característica “drop-in” que permite injeção direta nos motores a diesel.

Estamos sempre à disposição para esclarecimento de dúvidas dos nossos clientes e parceiros.

 

Fontes:

AFDC

Anfavea

ANP (Agência Nacional de Petróleo)

Aprosoja

BCG

BTG Pactual

CEPEA

Climate Action Tracker

CONAB

EPE (Empresa de Pesquisa Energética)

IEA World Energy Balances

GFMA

Global Cropland

Logum

MAPA

MAPBiomas

Ministry of Energy (BEN)

OECD

Oliver Wyman

PSR

Renewable Fuels Association (RFA)

Scott Consultoria

Sugarcane Organization

Tivio Capital

USDA

US Department of Energy

UNICA

World Bioenergy Organization,

 

 


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